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alberto lapa

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segunda-feira, 20 de novembro de 2006

DO IMAGINÁRIO AO VÍNCULO

Todo o oceano da madrugada ao meu dispor.
Nenhum suor se avilte,
quando o odor das profundezas ganhe corpo
e ascenda por direito ao seu lugar à mesa
entre o instinto e a fome.

Talvez depois o amor
e antes dele.

domingo, 12 de novembro de 2006

À CONVERSA COM O MEU CÃO

O gosto de estar vivo
é relativo:
pode haver quem prefira o de estar morto.

Como dizê-lo, porém,
e a quem
ou para quê?

A morte não se ouve nem se vê.

sábado, 11 de novembro de 2006

NEM COM UMA VERRUMA GALÁCTICA DE TAMANHO A CONDIZER

Nunca a palavra deus me assustou. É um nome comum, como outro qualquer, que designa uma entidade imaginária criada pelo homem e tendente a atenuar a escassez de respostas justificativas de quanto no nosso mundo aconteça. A pequenez humana reduziu-se então, dando poderes absolutos ao fruto de tal inventiva, à sua exacta dimensão de ser medroso ou merdoso, impante por se ter de pé, mas mais rasteiro que a sombra da minhoca, se tanto ou mais cego que a bicha cujo lar de nós se arreda num labirinto de galerias chão abaixo.
O fenómeno da aparição entre nós do hiato vida e morte – que alguns ainda aligeiram com a anedota do barro genético modelado a olho, e acerca do qual outros lavram compêndios de sapiência ímpar e de só ler na cama em noites pintadas –, também nunca teve de mim maiores cuidados que os inerentes ao acto de respirar e de conseguir alimento à hora dele, passando pelos da descarga de secos e molhados, quando se agigante o aperto dos excessos na vasilha. Viver é um vício, e esse fado de morrer, uma pieguice pegada. Pois não está já mais que gasto o argumento de que o tempo de vida é uma gota no oceano da morte, qualquer que tenha sido a travessia, a remo ou com barbatanas?
Voltando à imagem das noites de rubor pingante, ou pintadas de não deste a treta das mordidelas no éden, eis o que à sombra do sol, antes do alvor da razão sobre águas de nitidez improvável, eu lucubrei por aqui, lugar antípoda de si mesmo, ou sem precisão de de si tentear um passo para que de pronto se perfure o planeta de lado a lado e nada de nada se veja, afinal. Lá ou cá.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

DO NADA DAS ORIGENS AO COROLÁRIO NATURAL COMO ENIGMA OVÍPARO

Como se depreende, o que urge é não perder o balanço e conservar os pensamentos concentrados na obra a erguer do nada. Do nada nasceu tudo, ninguém sabe como nem quando, por mais que se especule e se exponham credos sobre cruzes e crescentes e prepúcios considerados como estorvo. A matéria humana, que para tudo tenta ter justificação, nunca teve resposta convicta para a questão do nascimento de quanto acontece à nossa volta. Nem a quem atribuir a paternidade do crianço malnascido de que cada um de nós, vivo ou morto ou por conceber e parir, é um pêlo, um poro, um algarismo infinitesimal sem imposição no esboceto que dê direito a lupa. E por isso haverá quem afirme que a bicheza homem é um projecto falhado desde o ovo.
Não será tão-só por não se imaginar sequer quem o pôs no choco e fez eclodir? E quem é que, antes disso, no-lo fecundou?