http://photos1.blogger.com/blogger/1866/2796/1600/alberto%20lapa.0.jpg
A minha foto
Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

CARREGADOR DE PIANOS SERRA ACIMA E DEMAIS UTOPIAS DE SOPRO SERRA ABAIXO OU CALCETEIRO DE NUVENS ENQUANTO LUZ HOUVER E HOUVER PERNAS A ABRIR

sábado, 11 de novembro de 2006

NEM COM UMA VERRUMA GALÁCTICA DE TAMANHO A CONDIZER

Nunca a palavra deus me assustou. É um nome comum, como outro qualquer, que designa uma entidade imaginária criada pelo homem e tendente a atenuar a escassez de respostas justificativas de quanto no nosso mundo aconteça. A pequenez humana reduziu-se então, dando poderes absolutos ao fruto de tal inventiva, à sua exacta dimensão de ser medroso ou merdoso, impante por se ter de pé, mas mais rasteiro que a sombra da minhoca, se tanto ou mais cego que a bicha cujo lar de nós se arreda num labirinto de galerias chão abaixo.
O fenómeno da aparição entre nós do hiato vida e morte – que alguns ainda aligeiram com a anedota do barro genético modelado a olho, e acerca do qual outros lavram compêndios de sapiência ímpar e de só ler na cama em noites pintadas –, também nunca teve de mim maiores cuidados que os inerentes ao acto de respirar e de conseguir alimento à hora dele, passando pelos da descarga de secos e molhados, quando se agigante o aperto dos excessos na vasilha. Viver é um vício, e esse fado de morrer, uma pieguice pegada. Pois não está já mais que gasto o argumento de que o tempo de vida é uma gota no oceano da morte, qualquer que tenha sido a travessia, a remo ou com barbatanas?
Voltando à imagem das noites de rubor pingante, ou pintadas de não deste a treta das mordidelas no éden, eis o que à sombra do sol, antes do alvor da razão sobre águas de nitidez improvável, eu lucubrei por aqui, lugar antípoda de si mesmo, ou sem precisão de de si tentear um passo para que de pronto se perfure o planeta de lado a lado e nada de nada se veja, afinal. Lá ou cá.