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alberto lapa

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terça-feira, 30 de junho de 2009

A QUANTO A INTROVERSÃO DÊ PROVIMENTO SEM PEDIR CONTAS POR ORA

O amargor é físico. A amargura é mental. Não há que confundir. Mas tudo o que na mente se manifeste é também físico, considerando que lá no cimo, nessa quase infinitude de curvas e contracurvas cerebrais reconhecidas, há-de haver um qualquer corpúsculo anónimo a emitir ordens a quantos o envolvam; ou apenas a remexer-se, enervado, e a fazer remexer os outros, provocando ondas através da treva e dando à luz, nos olhos, na voz e nos gestos, no peso dos passos, o carrego de dúvidas e questiúnculas que numa única palavra, amargura, se dão a ver e a ouvir de muito clara maneira. Vivam os introrsos, utentes por excelência do que tal palavra tem de essencial. Só eles saberão como se pega a dita pelos cornos ou dela se aguentam as marradas contra o tino, o sempre ausente em parte incerta quando a hora de apresentar armas se impõe sob a estridência do clarim.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

REGRESSANDO A CASA AO DOMINGO SEM SE VIR DA MISSA

Na rádio ou na televisão, em manhã de domingo cedo acordada, está a dar missa. E a velha, viúva, está à janela, convicta. Aos bramidos do pastor, altissonantes, junta-se a consonância melíflua e monocórdica do rebanho. A imensidão do firmamento começa e termina ali, a dois passos de quem passe em frente desta casa, em frente desta janela, se é o céu presumamos sem pejo que ali se vende e compra. Que ali se crê ou anseia ao alcance da mão.
Faz lembrar, essa tão quase tangível devoção comerciante de mamas velhas pousadas no parapeito e cantochão a ganir lá dentro, a euforia alienada dos cachopos, mal acabados de encartar, com as colunas de som do carro na máxima provocação e o batuque de serralharia a ser cauda nos ouvidos e nos olhos ou mesmo na ira obscena das mãos de quem, talvez sem culpa formada, lhes sofra o escárnio.
E também trará ao de cima das ideias o fanatismo daqueles paisanos cujo transístor, agarrado que nem lapa a uma das orelhas, percorre a praça pública e parece fazer questão de, aos uivos, a pôr a par do que num qualquer relvado acontece, do resultado do jogo, dos principais lances, que hão-de depois ressoar pelos jornais de fraga em fraga até à inquietação, na semana seguinte, de mais um jogo, a ouvir de igual maneira em andamento pela rua acima e abaixo.
Em todos os casos, é de poluição que se fala. Há que atacá-la.