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alberto lapa

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CARREGADOR DE PIANOS SERRA ACIMA E DEMAIS UTOPIAS DE SOPRO SERRA ABAIXO OU CALCETEIRO DE NUVENS ENQUANTO LUZ HOUVER E HOUVER PERNAS A ABRIR

domingo, 30 de julho de 2006

TER-HARFA, SUL DO LÍBANO

Não sou nazi. Muito pelo contrário. Seja ceguinho. Mas à vista do que está à vista, sinto-me tentado a admitir que o Hitler, no fundo, talvez não estivesse assim tão errado. E que não teria sido mau de todo, afinal, se ele tivesse levado a cabo a obra começada.

(Título e fotografia “roubados” ao blog Assédio...para tod@s)

sexta-feira, 21 de julho de 2006

UM MINÚSCULO TOQUE DE ECOLOGIA NUMA SEXTA-FEIRA À TARDE

Há um bando de pombas que rodopia sobre as ruínas da casa ardida no último incêndio da mata. Parece, o bando, procurar um sítio onde pousar sem perigo de gatos nas redondezas, o que é difícil: milhentos bichanos por ali vagueiam, famintos, desde que as chamas limparam a zona de ratos e répteis e outras miudezas sem valor nutritivo, mas capazes de entreter maxilares mais enguiçados pela inércia.
Hão-de voltar, um dia, lagartixas e ratazanas, mal a natureza recupere consistência e restabeleça o equilíbrio entre predadores e predados, o que não é fácil: milhentos cães por ali vagueiam, famintos, desde que as chamas limparam a zona de coelhos e lebres e outras bichezas sem valor nutritivo, mas capazes de entreter maxilares mais enguiçados pela inércia.
Há-de voltar, um dia, a irmandade dos roedores, mal a natureza ganhe consistência e restabeleça o equilíbrio entre predadores e predados, o que é improvável: milhentos construtores por lá vagueiam, famintos, desde que as chamas limparam a zona de ecologistas e outros inúteis sem poder depurativo, mas sempre capazes de desmascarar maxilares nunca enguiçados pela inércia.

terça-feira, 18 de julho de 2006

REQUIEM IN PACE

A vergonha morreu. Paz à sua alma. Desde há muito se considerava em vias de próxima extinção. Portanto, não foi grande novidade. Não se sabe é como resistiu tanto tempo.
No lugar dela, para o que der e vier, ficou a desvergonha, a sua irmã gémea. Não tem nada de parecido com a mana morta. Pelo contrário, parece apostada em ser-lhe diametralmente oposta. Uma antítese já sem tese que lhe dê razão de ser.
Vejamos, por exemplo, o seguinte caso: um cartaz publicitário, posto aos milhares nos milhares de paredes deste país, apresenta um céu tempestuoso, de onde se desprendem raios sobre a terra. No entanto, por divina intervenção, com certeza, também se desprendem notas de banco, cem euros, vinte, cinquenta, muitas notas, muitos euros. E em gordas letras, o toque celestial:

furacão financeiro

E mais abaixo, em letras não tão grandes mas bem legíveis por quem talvez nem mereça ler outra coisa,

venha a uma igreja maná

E a sublinhar, tal como é moda nos tempos em curso, aquilo que por via de regra se designa como endereço electrónico do remetente, do responsável pelo cartaz, ou seja do explorador do inequívoco facto de hoje imperar a desvergonha, como acima se referiu, tão-somente por lhe ter morrido, de doença longa e não inesperada, a pobre da irmã gémea, cujo nome já ninguém recorda, afinal.
Que a terra a cubra. Pode ser que pegue de estaca e renasça.

sexta-feira, 14 de julho de 2006

BORRASCA NA INVENTIVA SOB CAUÇÃO DA SECURA

Um pingo na cabeça, outro pingo num ombro, outro ainda nos óculos, e aí está uma chuvada súbita, não de todo imprevisível neste dia que amanheceu soalheiro, mas com demasia de electricidade no ar. Vê-se na mantilha cinzenta que encobre os últimos montes. Ou nesta aragem quente e grossa, talvez oriunda dos cerros castelhanos, que em fio de suor contínuo nos transforma. Julho é assim mesmo. Nada está além do que será normal nesta época do ano. E se a chuva não vier tocada a golpes selvagens de ventania com granizo, até poderá ser benévola para os bebedores, aumentando-lhes o produto a provar lá mais para os meados de Novembro, com as castanhas. Saia então essa trovoada, que a terra, ao rubro de tão vergastada pelo sol, dir-se-á meio morta de sede. E sentir sede é pecado.
Repondo a verdade neste edital de consultas ocasionais, cumpre-me informar que hoje ainda não choveu. A borrasca de que falo, como se a estivesse a sofrer no lombo, já foi ontem. Mas só hoje me fez algum efeito nos neurónios memoriais, desabituados que estão de beber, os mentirosos. E ainda poderá chover, quem sabe, lá mais para o final da tarde, quando este sol metálico se derreter a si próprio e transformar o dia soalheiro em noite de suor ao litro. De embeber, não de beber.