http://photos1.blogger.com/blogger/1866/2796/1600/alberto%20lapa.0.jpg
A minha foto
Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

CARREGADOR DE PIANOS SERRA ACIMA E DEMAIS UTOPIAS DE SOPRO SERRA ABAIXO OU CALCETEIRO DE NUVENS ENQUANTO LUZ HOUVER E HOUVER PERNAS A ABRIR

sexta-feira, 14 de julho de 2006

BORRASCA NA INVENTIVA SOB CAUÇÃO DA SECURA

Um pingo na cabeça, outro pingo num ombro, outro ainda nos óculos, e aí está uma chuvada súbita, não de todo imprevisível neste dia que amanheceu soalheiro, mas com demasia de electricidade no ar. Vê-se na mantilha cinzenta que encobre os últimos montes. Ou nesta aragem quente e grossa, talvez oriunda dos cerros castelhanos, que em fio de suor contínuo nos transforma. Julho é assim mesmo. Nada está além do que será normal nesta época do ano. E se a chuva não vier tocada a golpes selvagens de ventania com granizo, até poderá ser benévola para os bebedores, aumentando-lhes o produto a provar lá mais para os meados de Novembro, com as castanhas. Saia então essa trovoada, que a terra, ao rubro de tão vergastada pelo sol, dir-se-á meio morta de sede. E sentir sede é pecado.
Repondo a verdade neste edital de consultas ocasionais, cumpre-me informar que hoje ainda não choveu. A borrasca de que falo, como se a estivesse a sofrer no lombo, já foi ontem. Mas só hoje me fez algum efeito nos neurónios memoriais, desabituados que estão de beber, os mentirosos. E ainda poderá chover, quem sabe, lá mais para o final da tarde, quando este sol metálico se derreter a si próprio e transformar o dia soalheiro em noite de suor ao litro. De embeber, não de beber.