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quarta-feira, 14 de junho de 2006

DA SIMILITUDE E DA SUA NEGAÇÃO

Chamam-lhe Antes. E tem um irmão mais novo chamado Após. Após o aparecimento em cena do irmão – um actor tão prometedor como indefinido, que quase ninguém, ainda hoje, parece conhecer bem, a não ser de ouvir falar dele, e mal –, mais nenhum nasceu lá em casa. Ambos filhos de pai incógnito, e disso não tendo vergonha, também mal souberam da mãe. Foram criados por aí, ao deus-dará do instinto de sobrevivência, como se se soubessem predestinados a atingir um lugar destacado na história dos homens de boa vontade na terra, essa cambada de infelizes que alguém rotulou assim.
Antes e Após são parecidos. Tão parecidos, que há quem os confunda e o nome lhes troque. Porém, só olhando por fora é que se parecem. Diferentes são eles, por exemplo, no modo de andar: o mais novo dos dois, sempre a olhar para a frente, de pescoço esticado; o outro, pelo contrário, andando às arrecuas, e não poucas vezes acusando o irmão de não querer ensiná-lo a andar para diante. Aí, o mais novo, o Após, ri-se do Antes, bem mais velho e mais trôpego, inclusive, na maneira como age e como pensa: ao retardador.
Faltará contar que o Após nasceu no dia em que o Antes, apanhado de surpresa pela vinda do mano, quase ia morrendo de susto. que, por azar do Após, e de nós, não morreu.