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terça-feira, 18 de julho de 2006

REQUIEM IN PACE

A vergonha morreu. Paz à sua alma. Desde há muito se considerava em vias de próxima extinção. Portanto, não foi grande novidade. Não se sabe é como resistiu tanto tempo.
No lugar dela, para o que der e vier, ficou a desvergonha, a sua irmã gémea. Não tem nada de parecido com a mana morta. Pelo contrário, parece apostada em ser-lhe diametralmente oposta. Uma antítese já sem tese que lhe dê razão de ser.
Vejamos, por exemplo, o seguinte caso: um cartaz publicitário, posto aos milhares nos milhares de paredes deste país, apresenta um céu tempestuoso, de onde se desprendem raios sobre a terra. No entanto, por divina intervenção, com certeza, também se desprendem notas de banco, cem euros, vinte, cinquenta, muitas notas, muitos euros. E em gordas letras, o toque celestial:

furacão financeiro

E mais abaixo, em letras não tão grandes mas bem legíveis por quem talvez nem mereça ler outra coisa,

venha a uma igreja maná

E a sublinhar, tal como é moda nos tempos em curso, aquilo que por via de regra se designa como endereço electrónico do remetente, do responsável pelo cartaz, ou seja do explorador do inequívoco facto de hoje imperar a desvergonha, como acima se referiu, tão-somente por lhe ter morrido, de doença longa e não inesperada, a pobre da irmã gémea, cujo nome já ninguém recorda, afinal.
Que a terra a cubra. Pode ser que pegue de estaca e renasça.