BAGATELA TEMPORÃ DE ACESSO AO GÉNESIS A DESABAR EM LUGAR-COMUM LÁ NO FIM
Chove. É tempo disso. Aliás — ouve-se sentenciar por aí —, a chuva até já estava a fazer alguma falta. Os últimos anos têm sido secos e a água íntima, aquela que sem ajuda aflora à superfície e depois corre até ao mar sem que a obriguem, essa não se soube reposta. Haverá portanto necessidade de reequilibrar a saciedade e a sede ao suposto nível das entranhas terrenas, aquém da forja de magmas e enxofre em infernal combustão. O sacrifício de adiar pela milionésima vez um piquenique programado há meses, ou a desistência do exercício de pés descalços praia acima praia abaixo, ou o passeio não dado perante a utopia das montras, nunca poderão valer tanto como o equilíbrio entre procura e oferta desse bem indispensável à manutenção da vida.
Que chova e troveje, quarenta dias e quarenta noites, para que o Noé, prazenteiro, depois festeje e se dispa, apregoando que a água, quando pura e cristalina, o vinho é muito melhor!
Que chova e troveje, quarenta dias e quarenta noites, para que o Noé, prazenteiro, depois festeje e se dispa, apregoando que a água, quando pura e cristalina, o vinho é muito melhor!