alberto lapa
Acerca de mim
- Nome: Alberto Lapa
- Localização: Coimbra, Portugal
CARREGADOR DE PIANOS SERRA ACIMA E DEMAIS UTOPIAS DE SOPRO SERRA ABAIXO OU CALCETEIRO DE NUVENS ENQUANTO LUZ HOUVER E HOUVER PERNAS A ABRIR
quarta-feira, 31 de maio de 2006
OMNIPOTÊNCIA POSSÍVEL
Sempre que estou aqui, não estou ali.
Mas se eu estivesse ali
e não aqui,
também ali não estaria:
estaria aqui.
Mas se eu estivesse ali
e não aqui,
também ali não estaria:
estaria aqui.
TRAMA COLHIDA PELA RAMA
Vai desde a cama à fama muitas vezes
a humílima diferença de uma letra.
Mas muitas mais à lama.
a humílima diferença de uma letra.
Mas muitas mais à lama.
PALETA EXPERIMENTAL
Não queiras da penumbra a cor exacta,
se até a água é negra na penumbra
e o prisma tem a mesma cor da água,
que nem tem cor nenhuma, quando pura.
segunda-feira, 29 de maio de 2006
CREPUSCULAR
Um dia esgota-se em tão poucas horas,
turva a distância, a cor, a outra face
do que antes se julgou iluminado
e ora se escoa e filtra ou se enovela
em cinza e fumo
e em fumo se esvazia.
Bem mais que a treva, eu temo a descoberta
do que a treva revela
à luz do dia.
turva a distância, a cor, a outra face
do que antes se julgou iluminado
e ora se escoa e filtra ou se enovela
em cinza e fumo
e em fumo se esvazia.
Bem mais que a treva, eu temo a descoberta
do que a treva revela
à luz do dia.
UM ZURRO AO LUAR DE MAIO
Que bom seria ouvir quaisquer palavras
ditas por quem as ouça ao próprio ouvido.
Um surdo as ouviria, sendo burro.
ditas por quem as ouça ao próprio ouvido.
Um surdo as ouviria, sendo burro.
PLENITUDE EM PEQUENEZ
A minha ideia de mim
começa e acaba
em mim.
Tão escassa que é
afinal a minha ideia
de mim.
começa e acaba
em mim.
Tão escassa que é
afinal a minha ideia
de mim.
PESADUME OUTONAL ANTECIPADO
Há mãos que cortam cerce o vento e o rasto
de uma andorinha breve como o vento
cortado assim em dois, duas cortinas
à solta num telhado sem beirais,
se nítido é o vazio de andorinhas
cuja viagem terá hora marcada,
inadiável de mais.
De mais a mais, o vento vai e volta,
é-lhe indiferente.
Uma andorinha, nem sempre.
de uma andorinha breve como o vento
cortado assim em dois, duas cortinas
à solta num telhado sem beirais,
se nítido é o vazio de andorinhas
cuja viagem terá hora marcada,
inadiável de mais.
De mais a mais, o vento vai e volta,
é-lhe indiferente.
Uma andorinha, nem sempre.
quinta-feira, 25 de maio de 2006
FÁBULA ESTULTA
Pode um gigante cair e ser menor
que o menor dos anões que dele se riu.
Mesmo no chão, porém, continuará
a não ser um anão mas um gigante
que caiu.
que o menor dos anões que dele se riu.
Mesmo no chão, porém, continuará
a não ser um anão mas um gigante
que caiu.
DE COMPORTAS LEVANTADAS
Olhar o dia agora a outra luz.
Com outra água de olhos há reflexos
desconhecidos antes
diluídos
pela correnteza no vaivém das pálpebras
de cuja fonte se soube
e não se soube
conter senão agora a enxurrada.
Descalcem-se os sapatos e atravesse-se
a dita correnteza exasperada.
A outra luz a água já apetece.
Com outra água de olhos há reflexos
desconhecidos antes
diluídos
pela correnteza no vaivém das pálpebras
de cuja fonte se soube
e não se soube
conter senão agora a enxurrada.
Descalcem-se os sapatos e atravesse-se
a dita correnteza exasperada.
A outra luz a água já apetece.
UMA FENDA SOBRE A LENDA
A fama, o fumo, a fome, a fêmea ardente,
um fauno empoleirado em cada dente.
A lama, o lema, o lume, a lebre atenta
ao cágado que dorme alheio à lenda.
um fauno empoleirado em cada dente.
A lama, o lema, o lume, a lebre atenta
ao cágado que dorme alheio à lenda.
CLARIM DESVANECENTE
Se os versos fossem elos,
mesmo de ar,
grilhetas e grilhetas se ouviriam
a arrastar pelas montanhas da cidade.
Mas seria bem maior a liberdade.
mesmo de ar,
grilhetas e grilhetas se ouviriam
a arrastar pelas montanhas da cidade.
Mas seria bem maior a liberdade.
GUERRA E PAZ
Entre velhas quesílias e dentadas velhas,
eis-me aqui,
fingindo-me em paz
na paz de ouvir Satie.
O mundo não tem ouvidos:
tem orelhas.
eis-me aqui,
fingindo-me em paz
na paz de ouvir Satie.
O mundo não tem ouvidos:
tem orelhas.
terça-feira, 23 de maio de 2006
"VI SONATA PARA CRAVO DE DOMENICO SCARLATTI"

"PÁTRIA, LUGAR DE EXÍLIO"-II
(Heptacótomo)
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ABRUNHEIRO - COIMBRA/1986
(Óleo s/ tela - 80 x 120)
Galeria particular do pintor
segunda-feira, 22 de maio de 2006
domingo, 21 de maio de 2006
"POEMA AO ÚLTIMO INSTANTE ANTES DA PRIMEIRA DENTADA"
(Óleo s/ tela - 35 x 50)
Galeria particular do pintor
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VELHÍSSIMO TESTAMENTO
Nascido em terra podre e de raiz
também apodrecida em podridão
estelar
o mundo apodreceu.
Tal como o fruto
deixado ao abandono no pomar
depois de mordiscado pelos primatas
iniciais.
E desde a fome à tentação da fruta
entre inocência e culpa
artificiais
nascemos filhos da puta.
Nascido em terra podre e de raiz
também apodrecida em podridão
estelar
o mundo apodreceu.
Tal como o fruto
deixado ao abandono no pomar
depois de mordiscado pelos primatas
iniciais.
E desde a fome à tentação da fruta
entre inocência e culpa
artificiais
nascemos filhos da puta.
quarta-feira, 17 de maio de 2006
terça-feira, 16 de maio de 2006
segunda-feira, 15 de maio de 2006
sábado, 6 de maio de 2006
ORA PRO NOBIS
(Óleo s/ madeira - 20 x 30)
Propriedade do pintor
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CARTA AOS MEUS QUERIDOS DETRACTORES
Afinal, parece que o tribunal do santo ofício, chame-se-lhe assim, continua vivo. Ainda há torquemadas a queimar. Ainda há esbirros, fardamentados de paladinos do direito e da justiça, a incinerar quaisquer ideias contrárias às que os enxameiem. E com as ideias, quem sabe se não virão a ser incinerados também, daqui a não muito tempo, aqueles que as tenham parido e posto a andar pelo seu pé. Puta que pariu a espionagem, seja ela ciática, capagebélica, pidesca ou outra qualquer! Puta que vos pariu a todos, lacaios do império onde até os assassinos conseguem chegar a presidentes, já que, por lá, o gosto de matar se aprende na escola e o assassínio é tão lícito como ir à bola ou à missa!
E por aqui me fico (por enquanto).
E por aqui me fico (por enquanto).
Com amor, do
Alberto Lapa