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CARREGADOR DE PIANOS SERRA ACIMA E DEMAIS UTOPIAS DE SOPRO SERRA ABAIXO OU CALCETEIRO DE NUVENS ENQUANTO LUZ HOUVER E HOUVER PERNAS A ABRIR

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

ENSAIO JUSTIFICATIVO DO MOSQUEDO E DE SUA PIA MISSÃO

É cómodo e prático deitar mão ao tempo que faça quando se lançam os dados sobre o pano verde da escrita. Se está vento, é porque está vento; se chove, é porque a humidade impera e necessário será não esquecer o guarda-chuva; se estiver sol, manda a sageza que dele se enalteça a luz e no mesmo balanço se aproveite a claridade para varrer quaisquer sombras resistentes. E como o tempo se nos apresenta sob um infinito de alternativas, por sua vez destrinçáveis, cada qual, em tantas mais hipóteses de derivação posterior, sempre se nos impõe a tentação de olhar cá para dentro de nós, como se se tornasse regra o paralelismo do que seja fenomenologia natural e daquilo que em nós se reconheça: se nuvens no ar, nuvens haverá no semblante; se há ventanias a bramir montes arriba, turbulências semelhantes se hão-de escutar cá no âmago; se há pretidão envolvente, com ou sem estrelas legíveis, estará em causa, decerto, a cegueira de ter olhos e de só se ver o invisível.
Que tempo está hoje, afinal? Um tempo de merda, nem mais, apesar de compreensível na temporada ora em pauta, com chuviscos e aragem de notícias de nevões serranos na arreata, e neblina a empalidecer a visão e a distanciar as montanhas, ao aproximar-nos da hora de já ser noite outra vez.
Logo, tomando por bitola oficial o pressuposto no penúltimo parágrafo antes deste, que em simultâneo é o primeiro, mais atinado será largar este texto em vias aos arbítrios do tempo que faz. E porque este tempo é de merda, como se afirma no parágrafo seguinte, de merda há-de ser o texto e a disposição de quem escreve.
E quanto mais nela se mexe…