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terça-feira, 7 de outubro de 2008

VULGO TERAPIA TEMPERAMENTAL A ACABAR EM PASTORÍCIA SEM PRADO

Está uma manhã daquelas de andar às compras, sem uma moeda nos bolsos, e descobrir que afinal nada apetece comprar. Todas as ruas se parecem com as ruas todas. E todas as montras são de igual maneira enganosas na oferta do tudo sem nada dentro, porquanto o que mais importa é vender ao corpo o que nem à alma aproveite. Reinvente-se todo o universo das fábulas, desde Esopo e Fedro aos La Fontaine de laboratório ora no prelo, e nunca a outra das uvas a balançar sobre a zorra deixará de fundamentar inconvicções. A verdura declarada por desculpa oficial nunca prestou para comer, quer estivesse à mão dos olhos quer das mãos mesmo, sem escada nem apetite de sobra posto ao dispor de uma eventual flatulência peidorreira. Haja a quem sirva o produto, que a frescura é garantida —, diz o panfleto aos passantes denunciados pelos dedos com feitio de alicate no nariz. Na outra face do planeta, por esta hora, há-de ser noite já.
Vai uma tarde morrinhenta, peganhenta, engordurada. Ou idêntica a qualquer dessas de que nem se chega a dar conta como dia em queda livre no charco. Rio a desaguar sem nascente nem leito e percurso de afirmação insinuante sob a obediência das margens, e logo maré sem retorno à liça, sem marulho de vagas vivas, sem pescarias mentirosas, sem sequer sal. Indúvia rudimentar improvisada, com lã mal cardada de tão grossa desde as cajadadas sodómicas no pasto. E da morrinha pegajosa e gorda até ao não almoço à hora certa, foi um sonhar vê-lo à frente sem o cheirar, se a tanto obriga a dieta terapêutica de bolsos nus, esburacados pela busca, num arrepio. Que horas serão agora na outra metade do mundo? O dia nasce, é claro, mas só por lá.
Que a noite caia, ou ascenda, e se faça ouvir nos ecos. O silêncio é um gigante cuja sonolência engana. Só quem morre o sabe acordar de vez e lá muito dentro dele fingir que dorme. Será que lá, nos confins, não brilha o sol, magma que seja em fusão no imo?